domingo, 10 de maio de 2009

Web 2.0: Mais poder para o usuário

Exercício 2: Módulo 1

Web 2.0



Dezembro de 1999. A virada do século deixou todo mundo em polvorosa na redação. Equipes ficaram de plantão esperando o pior. E o pior era a possibilidade de destruição de tudo o que a gente vinha construindo no jornal. A ameaça tinha nome: 'Bug do Milênio'. Quem ficou na redação naquela virada de ano riu de nervoso quando na contagem regressiva nadinha aconteceu com os computadores do jornal, nem com os computadores ao redor do mundo. O Bug do Milênio que destruiria tudo, não existiu. Mas marcou a virada na vida das pessoas, quando a Internet acelerou com força total modificando padrões tanto na forma como as pessoas se relacionam como o jeito como o jornalista trabalha e vai atrás da informação.

Eu vi acontecer a explosão das Ponto.com, o máximo do que seria a Web 1.0, ou seja era da Internet ainda em mão única. Houve um esvaziamento das redações, com algumas pessoas migrando para sites de opinião como o No Mínimo. Naquela época, ainda achavam que a Internet seria uma cópia do jornal de papel. O No Mínimo, por exemplo, reunia em textos quilométricos o melhor das cabeças pensantes do jornalismo carioca. A forma apresentada dos textos era estática, sem qualquer interatividade com o usuário. A promessa à época era que os lucros na rede seriam proporcionais às possibilidades que se abriam. O que se viu é que a bolha explodiu, e a vivência mostra que uso da Internet exige mais interatividade.

Em 2004, Tim O'Reilly, presidente e fundador da O'Reilly Media, quis entender como algumas empresas saíram ilesas do estouro das Ponto.com, analisando a trajetória do Google e Amazon.com, entre outras, e cunhou a definição da Web 2.0: "É a revolução nos negócios da indústria da informática causada pela mudança para internet como plataforma, e uma tentativa de entender as regras de sucesso dessa nova plataforma".

Estudiosos do assunto discordam com essas nomenclaturas de Web 1.0 e Web 2.0 e há até discussões sobre quem teria inventado os termos. Mas isso não muda o dia a dia do internauta, consumidor de informação e dessa nova geração que cada vez mais faz a diferença: são os usuários produtores de conteúdo incessante, seja em blogs, comunidades de blogs, no Flickr ou contribuindo para o agigantamento da Wikipedia (que joga uma pá de cal sobre a bíblia das enciclopédias, a Britannica Online, de forma assustadora) e o YouTube. Usuários que usam e se orientam pelo Twitter, com a mesma naturalidade de quem há 10 anos apenas ligava para um amigo para marcar um encontro.

Troca de dados: a marca da nova geração da rede

Me lembro também do aparecimento dos sites de relacionamento como o Orkut, que logo mudou hábitos e virou fenômeno. Em fevereiro de 2006, a redação parou novamente. Foi como um vírus, passando de mesa em mesa, computador em computador, sem ninguém conseguir resistir. Uma competição infantil tomou conta de gente grande: 'Eu tenho 13 amigos", disse uma editora. 'Bobagem, eu já tenho 57 amigos". O bom senso sumiu e todo mundo começou a bisbilhotar a vida alheia através do programa. Parentes distantes se reencontraram. Amigos de infância perdidos pelo tempo conseguiram se achar e ainda podiam brincar ao ver a perda de fios do colega ou a barriguinha saliente que cresceu através das fotos no programa.

Mas logo começaram a surgir as primeiras histórias de como a falta de bom senso poderia transformar o uso do Orkut. Ciúmes entre namorados provocados pela bisbilhotagem neurótica, perfis falsos para introduzir comentários nas páginas dos desafetos e o cyberbulling que tanto atormenta adolescentes hoje em dia. O uso do Orkut em ambientes profissionais, obviamente, foi reduzido, em alguns casos até proibido. Mas para o jornalista o surgimento desse tipo de programa - atualmente o Facebook também faz esse papel - abriu novos horizontes: virou fonte de informação constante nas matérias.

Futuro da informação:

O desenvolvimento da Web 2.0 pode ser sentido no momento em que extrapola as próprias paredes virtuais da rede. Atualmente, quase todo programa de televisão que se preze tem algum tipo de interação com a Internet. O 'Domingão do Faustão', da TV Globo, tem um quadro de bandas de garagem, em que exibe, em horário nobre da emissora, vídeos e gravações de anônimos da internet que acreditam que possam virar grandes artistas no universo da música. O 'Fantástico', em horário igualmente bem posicionado dentro da emissora, também apresenta as perguntas dos espectadores feitas através de webcams.

Ou seja, a emissora líder nacional já se rendeu ao poder da rede, deixando para trás o que seria inconcebível há poucos anos: o tal dito padrão de qualidade da emissora. Em nome da modernização e a real interação com o público que está cada vez mais pulverizado pelas diversas possibilidades de lazer e fontes de informação.

A bolha da Web 2.0 também vai estourar? Os negócios vão conseguir se estabelecer e empresas visionárias como o Google ( não se pode esquecer que o por 5 anos o dinheiro não entrou no bolso de ninguém) vão se multiplicar? A maior tarefa atual das empresas jornalísticas (falo isso porque sou subeditora de um caderno de cultura no Rio) é justamente conseguir oferecer produtos online que consigam ser integrados ao papel do jornal de papel. Tem gente que já decreta o fim do jornal de papel. Prefiro acreditar numa adequação de formatos e conteúdos. Os livros não acabaram, por exemplo. Mas o físico inglês Tim Berners-Lee já fala na Web 3.0: em que existirá um sistema em que o computador vai entendar o que o usuário quer e fará a busca por ele.

Um comentário:

  1. Olá, Ana! muito legal seu texto! acabo de ver q somos coleguinhas meeesmo, acho ate q vc deu plantao no meia hora algum fim de semana desses, n deu? hehehe..
    =)

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