quinta-feira, 28 de maio de 2009

Exercício 7: Módulo 3


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Nunca fui fã de Sylvester Stallone, apesar de gostar de 'Rocky, um Lutador'.

Adrian: Why do you wanna fight? (Por que você quer lutar?)
Rocky: Because I can't sing or dance. (Porque não sei cantar ou dançar)



Pois bem: meu universo é cinema, e o material que tenho bacana para postar no blog é do novo filme de Stallone rodado em abril no Rio. Peço desculpas aos professores por estar desvirtuando o exercício.

Mas Sly tem seu mérito. Quando escreveu a saga de Rocky (rodado lá em 1976 e que ganhou surpreendentes cinco sequências), inspirado na trajetória de Muhammad Ali e com o nome tirado de Rocky Marciano, tinha apenas 106 dólares no banco e estava pensando em vender o cachorro porque não conseguia alimentá-lo. Mas a dureza não o fez aceitar os 350 mil dólares oferecidos pelos produtores para assinar apenas o roteiro. Ele queria ser o protagonista e o roteiro escrito em três dias acabou sendo rodado em apenas 28 dias.

Mais de 30 anos depois, Sly aparece no Rio de Janeiro para filmar. Obviamente, filme de muito músculo, tatuagens, motocicletas, explosões, garotas destemidas e ação na selva. É isso aí: Stallone escolheu o Rio porque poderia usar o Parque Lage, no bairro do Jardim Botânico, como a "selva amazônica". Tá, você riu? Confusões típicas dos americanos. Mas Sly veio mesmo para o Rio porque o governo do Estado lhe garantiu facilidades financeiras.

Além de protagonista de 'Os Mercenários' - é esse o nome do filme sobre um grupo que tem que derrubar um ditador de um país latino -, Stallone é diretor, produtor e mais uma vez e sempre seu próprio roteirista.


Durante sua passagem pelo Rio, fui à coletiva de imprensa em que ele apresentava - a nascida mexicana, mas brasileiríssima - Gisele Itié como a líder comunitária Sandra, que quebra o gelo do impassível comandante dos mercenários Barney Ross (Stallone). Veja a íntegra do bate-papo abaixo, o vídeo de parte da entrevista que foi ao ar no programa 'Bastidores', do canal Multishow, com minhas perguntas, e o vídeo que fiz com minha câmera enquanto ele ainda estava no hotel em Copacabana.





O que rolou na coletiva:

Por que você decidiu gravar no Rio?
Sylvester Stallone: Porque o filme se passa em um lugar tropical. Precisávamos de um país, uma comunidade cinematográfica sofisticada. E com talento local, câmeras, além da infra-estrutura, e o Brasil tem tais características.

E por que escolheu contratar Gisele Itié?
SS: Primeiro, pensamos em contratar uma atriz americana. Mas quando vim para o Brasil, comecei a conhecer atrizes brasileiras com um talento diferente, que normalmente não teriam a oportunidade de fazer filme desse porte. Naquele momento, eu tinha tido somente uma hora antes de pegar meu avião, e eles mandaram umas 15 atrizes para eu conhecer. Eu fui pra casa e comecei a escrever, e algumas coisas mudaram no roteiro com a entrada desta personagem. No início pensei que a atriz ideal era uma, depois mudei para outra, mas com todas as mudanças da personagem percebi que Gisele era a melhor. Queria contratar um talento novo, uma pessoa entusiasmada, nova, com paixão e que ainda não tivesse sido mimada demais por essa indústria.

O que você acha das atrizes brasileiras?

SS: São muito boas. Existe um mundo de talento. E Gisele é bem treinada, não só um rosto bonito, uma modelo. É muito séria.

E para você, Gisele, como está sendo esta experiência com o Stallone?

Gisele Itié: Está sendo maravilhoso poder trabalhar com cinema americano. E o Stallone é uma pessoa maravilhosa, super sensível. E um ótimo diretor.

Mas como está sendo sua experiência com ele, dizem que ele é um cara durão.

GI: Não! Pelo que já conversamos, ele parece ser durão, mas não é. Ele é muito sensível. Está me mostrando uma visão completamente diferente do Rio de Janeiro. E nossas cabeças estão no momento bem conectadas. Está sendo um ótimo trabalho.

Em que locações vocês vão gravar aqui no Rio? Vão gravar em Tavares Bastos, uma favela? E como é atuar e dirigir em um mesmo filme?
SS: Não é problema se você conhece bem o roteiro, e eu conheço porque fui eu que o escrevi. É um desafio louco que eu gosto porque você sabe exatamente onde estar e o que dizer. É muito cansativo, mas com certeza vale a pena. Sobre as locações, há o Parque Lage, Mangaratiba, que fica a uma hora e meia daqui, e Tavares Bastos. Estamos fazendo muita ação, com umas cenas bem grandes, que nunca tentamos antes. Hoje filmamos no porto, com esses barcos gigantes, com piratas somalianos, mesmo estando no Brasil. Mas é uma ótima locação, este é o problema de ter muita imaginação, todo dia, vemos coisas novas. Esse filme podia durar dois ou três anos para ser feito, apenas adicionando mais e mais e mais e mais...

Nos filmes, você gosta muito de brigar, gostaria de saber se vai haver lutadores brasileiros no filme.

SS: Eu não consigo bater em ninguém (risos). Eu só participo das lutas nos filmes, não brigo na vida real. Ela [Gisele] é durona e gosta de brigar. Estou ficando velho, me machucando o tempo todo.

E você sabia que tem um lutador brasileiro, o Rodrigo Minotauro, que é conhecido como o Rocky Balboa Brasileiro?
SS: Sério?! (risos). Ó deus, só espero que ele não tenha apanhado tanto quanto eu.

Geralmente o Brasil é mostrado nos filmes como uma grande selva, com macacos nas ruas. Corremos este tipo de risco no seu filme?
SS: Eu estou gostando muito do Brasil. Estou gostando de todo o processo. Mas, economicamente, foi muito bom filmar no Brasil, porque o governo é muito bom, dá muitos incentivos. Vocês têm o trabalho aqui e coisas que não conseguimos fazer nos EUA. As coisas de ação. Não é permitido, não tem mais espaço. Precisávamos do visual de selva. Precisávamos que os atores e os extras tivessem um visual específico, de um certo um tipo físico. E também tivemos muita sorte de ter ela [Gisele]. E esta é a parte difícil do casting, porque ela representa o coração do filme. É a razão pela qual os mercenários voltam. Não é por dinheiro. É importante para esses caras manter o que ela representa vivo, protegendo a civilização. Embora os mercenários tenham vendido suas almas, mas no último segundo você diz: “sabe, você tem que retribuir, você tem que fazer algo sem ganhar nada em troca, uma causa pela qual sua morte valeu a pena”. É um tema de redenção. E meu personagem odeia o mundo. E quando eu vejo o que ela faz e as coisas pelas quais passou, meu personagem acorda, passa a se sentir vivo. É muito importante que a protagonista feminina seja super especial, não somente um rosto bonito, isso seria fácil. Mas ter habilidade, beleza e talento para poder passar a emoção, é algo muito raro, então foi muito difícil de encontrar a pessoa certa. Ela nasceu para o papel.


A produção ficou três semanas por aqui em abril, quando Stallone acabou sendo vítima dos humoristas do Pânico na TV!


Sly soltinho pelo Rio (vídeo feito por Ana Lúcia do Vale)


Atualmente, estão em Nova Orleans, para outras seis semanas de filmagens. Confira atualizações no blog da assessora de imprensa de 'Os Mercenários'.
O longa estreia em abril de 2010.

E veja aqui o primeiro vídeo oficial das filmagens de Stallone no Rio. Nas cenas, Sly ensaia ao mesmo tempo em que dirige uma das cenas, dando quatro tiros num oponente, brincando: "Você está nervoso?". Depois, aparece uma cena da explosão, feita em Mangaratiba, em que os personagens de Eric Roberts (James Monroe) e Steve Austin (Paine) conseguem escapar. Os dois fazem a cena sem dublês: preste atenção na grossura do colchão usado para amortecer o impacto da queda. Ao ver o avião passar, Stallone grita: "That's sexy" (isso é sexy!), empolgado com a cena. E, por fim, um momento de tietagem também lá em Mangaratiba, que ninguém é de ferro: o ator cumprimenta as centenas de garotos e garotas que ficaram espiando as filmagens e, num deslize dos seguranças, uma delas consegue agarrar o pescoço do ator.





segunda-feira, 25 de maio de 2009

Exercício 6: Módulo 3









Publicação de fotos em weblogs


Edição de fotos com o Irfan View:



Por muito pouco não fui uma das vítimas da gripe suína que deixou o mundo inteiro com medo de uma devastadora epidemia. No finalzinho de março, fui convidada para cobrir o lançamento do filme 'Velozes e Furiosos 4', com Vin Diesel, na Cidade do México. Tive apenas um dia livre, que aproveitei para visitar a Pirâmide do Sol de Teotihuacan, um sítio arqueológico a 40 km da Cidade do México, que foi declarado patrimônio da humanidade pela UNESCO em 1987. Ali foi erguida a maior cidade da época pré-colombiana conhecida na América. A experiência de subir ao topo da pirâmide é única e exige muita, muita força de vontade: construída por escravos, que trouxeram as pedras de uma localidade a 2 km de distância, ela tem 65 metros de altura e degraus que não passam de 15 cm. Mas, quem tem fôlego e resistência, chega ao topo para uma visão deslumbrante.

Tirei essas fotos com a minha modesta câmera Sony Cyber-shot 6.0. Com a ajuda do programa Irfan View redimensionei as fotos (o que já faço sempre para o meu blog do jornal, o Cinelândia), diminuindo os tamanhos para que não ficassem gigantes na página deste blog. Apesar de o exercício pedir apenas 2 fotos, escolhi 4 porque usei diferentes recursos do programa. Na foto da basílica de Nossa Senhora de Guadalupe alterei contraste e saturação. Na foto das imagens do Beato Juan Diego (em que ele tinha acabado de ter visão da Virgem de Guadalupe que materializou rosas para que acreditasse na aparição), tive que rotacionar e cortar. O uso do programa é bem simples, em compensação, também não oferece os recursos de alteração ou correção de imagem como um Photoshop, por exemplo.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Exercício 3: Módulo 2





Informação ao primeiro toque:

Google Reader X Leitor de RSS

Trabalho há 10 anos em um jornal popular. Isso significa que toda e
qualquer informação que venha da vida das celebridades (para o bem ou
mal, e isso está aberto a discussões) são interessantes para o jornal.
Com o crescimento da Web, as fontes de informação para o jornal
passaram a ser os próprios artistas, que usam blogs pessoais para
responder ou se manifestar sobre assuntos de seu interesse. A atriz
Luana Piovani foi uma das primeiras a perceber que não precisava mais de nenhum meio de comunicação oficial para filtrar suas ideias e mantém um blog desde 2002.

A autora Glória Perez, que antecipou o crescimento da rede e colocou personagens de sua novela 'Explode Coração' em 1995 conversando pela Internet, também sabe do poder dos blogs. Ao contrário da ministra Dilma Rousseff, que comunicou que iria se tratar de câncer através de uma coletiva de imprensa, Glória usou seu blog pessoal para fazer o mesmo tipo de comunicado. A novelista sabe que seu blog é seguido por toda a imprensa especializada em novelas, então não havia lugar mais direto e objetivo
e, obviamente confortável para ela, para que fizesse esse tipo de comunicado.

Em 2007, surgiu o BlogLog,um portal para
hospedar mais de 200 blogs pessoais de artistas. Isso aí: mais de 200 blogs. Já imaginou?

Como acompanhar essa massa de informação, sem perder fotos, vídeos postados ou comentários interessantes e muitas vezes polêmicos que alimentam o próprio jornal? Conseguir acessar a todos eles diariamente, de forma manual, é um trabalho inconcebível. Mas existem ferramentas que se tornaram auxiliares poderosos na forma de como trabalhamos em jornais populares hoje em dia: o Google Reader é uma delas.

Normas de utilização dentro de uma empresa:

Ao contrário de leitores de RSS (SharpReader, FeedReader e outros), o Google Reader não precisa ser instalado no computador da empresa. Com o crescimento da Web, as empresas tiveram que regular o uso dos computadores para que não houvesse abuso ou pequenos usos indevidos que sobrecarregassem a rede. Daí, todo e qualquer programa que seja instalado no computador da empresa precisa estar dentro das normas e isso muitas vezes demora algum tempo ou não se chega a acordo algum sobre o assunto. A preferência ao Google Reader é grande dentro do ambiente da redação.

Vantagens e desvantagens do Google Reader:

Para se acessar ao programa, basta abrir uma conta no Google. A página é extremamente simples e direta, permitindo que o usuário compartilhe notícias com amigos (através dos contatos do Google Talk e do Gmail) e até faça comentários sobre o assunto que escolher. Esse compartilhamento de feeds RSS pode gerar discussões sobre invasão de privacidade, uma vez que os contatos tratados como 'amigos' podem não querer participar de listas assim. Sinceramente, dentro do uso do meu trabalho diário, não consegui encontrar desvantagens para o Google Reader. Talvez, para alguns usuários mais exigentes ou que estejam fazendo pesquisas acadêmicas, o programa seja simples demais. Mas, para o uso que eu preciso na redação, é bastante satisfatório. E o melhor: não tem spams, e quando o usuário não quer mais seguir aquela página ou blog, ele simplesmente desativa e faz outra subscrição.



Vantagens e desvantagens de um leitor de RSS (Really Symple Sindication):
Pelo simples fato de ter que sobrecarregar a máquina (seja em uso doméstico ou no trabalho), acho desnecessário o uso de um leitor de RSS, tipo SharpReader ou FeedReader. Alguns não permitem a visualização de imagens, o que já compromete a facilidade em acompanhar a página ou o blog escolhido. A vantagem é que o usuário pode ler as informações compiladas sem estar conectado à Internet, pode dividir seus feeds em pastas organizadas de forma hierárquica e ainda utilizá-lo com a mesma simplicidade de uma caixa de e-mail.

domingo, 17 de maio de 2009

Exercício 4: Módulo 2


Buscas na Web



E Deus inventou o Google, que já virou verbo. Quem, com menos de 20 anos, sabe o que significava quando as professoras na escola mandavam a gente fazer um trabalho de pesquisa? O ácaro dos livros da biblioteca da escola ficou no passado (dá para baixar livros de graça em www.dominiopublico.gov.br).

Uma geração inteira dá uma 'googada' quando pensa em pesquisa escolar. A invenção dos buscadores de informação mudou a forma de pensar dos jovens e acrescentou um número infinito de possibilidades para os que precisam e utilizam a ferramenta no trabalho. Para o jornalista, significou rapidez na produção de textos que exigem dados passados (é certo que o trabalho de checar as informações também duplicou) e um triste corte nos departamentos de pesquisa das empresas.

O maior perigo dos novatos na redação é achar que se a informação está na Web ela é inteiramente verdadeira. Muitas e muitas vezes dados como datas e referências a trabalhos anteriores do alvo da pesquisa estão trocados. Nunca é demais ter certeza de que a informação vem de sites confiáveis como o Imdb.com, por exemplo, que é a atual bíblia do Cinema, ou foi postada na Wikipédia, que muitas vezes tem um furo ou outro justamente por ser produzida por usuários, não necessariamente, pesquisadores dos assuntos postados.


Sem estresse na hora de pesquisar:


Buscar o que se quer na Web pode significar uma infinidade de resultados inúteis. A busca inteligente consiste em ajustar o resultado que queremos a combinação de palavras-chaves que vão diminuir as opções de respostas de forma mais eficiente. O meu sistema de busca preferido ainda é o Google (tanto pela variedade de resultados quanto pela simplicidade da apresentação dessas buscas).


Escolha o seu buscador:

Google / Yahoo / Alta Vista / Radar Uol / Clusty / MSN / Ask.com / DogPile

Análise dos cinco primeiros resultados de busca sobre 'cura do stress':

* Google: http://www.google.com.br
Foram obtidos aproximadamente 1.440.000 resultados para 'cura do stress' em 0,13 segundos. Uma delas é um artigo do Dr. Kenneth H. Cooper que remete a um livro do autor. As duas primeiras são inúteis: uma é um site para se baixar um papel de parede e outra é um blog pessoal. Nesse caso, o mais interessante seria refinar a busca para obter um resultado mais próximo do que se quer. O Google oferece ferramenta de 'busca avançada' e diferenciadores de páginas em português ou na Web que podem ajudar a um resultado mais eficiente. Também tem o Google Imagens, muitas vezes útil no corre-corre diário das redações (essa afirmação abre para uma discussão infindável sobre direitos autorais merecedora de outro post).


* Yahoo!: http://www.yahoo.com.br
O número de resultados foi superior ao do Google, aproximadamente 1.160.000 em 0,03 segundos. Mas quantidade nem sempre é qualidade e os primeiros resultados apontaram para um site fora do ar, um blog não confiável e um artigo com algum embasamento científico.


* Altavista: http://www.altavista.com
O Alta Vista usa um recurso irritante para o usuário comum: abre a pesquisa com uma combinação patrocinada. E, no caso da busca, é o mesmo site que aparece no Google e está temporariamente fora do ar. A quantidade de resultados, porém, é bastante significativa: 1.160.000, mas sem oferecer o tempo gasto na busca.


* Radar Uol: http://radaruol.uol.com.br
Também oferece logo como primeiro resultado links patrocinados (no caso, a opção de baixar um papel de parede). Para depois oferecer as buscas no Mundo com apenas 211.000 respostas, quase nada se comparadas às do Google, Yahoo e Alta Vista. O design da página não é agradável e chega a ser confuso, apesar de os primeiros resultados serem parecidos com os dos outros buscadores.

* Clusty: http://clusty.com/
Ofereceu os 204 resultados mais importantes numa busca de 868.379 para 'cura do stress'. Por ser em inglês, não é interessante num primeiro momento para o pesquisador brasileiro.


* MSN: http://search.msn.com.br
Ofereceu 190.000 resultados, sendo o primeiro de um site patrocinado, o mesmo dos sistemas anteriores (www.cefalus.pro.br) que está fora do ar.

* Ask.com: http://search.ask.com/
Teve 209.000 resultados para a busca. O único deles que apontou para um resultado do YouTube logo como primeira opção. Mistura de forma confusa resultados em português e inglês.

* DogPile : http://www.dogpile.com/
Usa resultados combinados do Google, Yahoo, Live Search e Ask.com,misturando resultados em inglês e português.

domingo, 10 de maio de 2009

Web 2.0: Mais poder para o usuário

Exercício 2: Módulo 1

Web 2.0



Dezembro de 1999. A virada do século deixou todo mundo em polvorosa na redação. Equipes ficaram de plantão esperando o pior. E o pior era a possibilidade de destruição de tudo o que a gente vinha construindo no jornal. A ameaça tinha nome: 'Bug do Milênio'. Quem ficou na redação naquela virada de ano riu de nervoso quando na contagem regressiva nadinha aconteceu com os computadores do jornal, nem com os computadores ao redor do mundo. O Bug do Milênio que destruiria tudo, não existiu. Mas marcou a virada na vida das pessoas, quando a Internet acelerou com força total modificando padrões tanto na forma como as pessoas se relacionam como o jeito como o jornalista trabalha e vai atrás da informação.

Eu vi acontecer a explosão das Ponto.com, o máximo do que seria a Web 1.0, ou seja era da Internet ainda em mão única. Houve um esvaziamento das redações, com algumas pessoas migrando para sites de opinião como o No Mínimo. Naquela época, ainda achavam que a Internet seria uma cópia do jornal de papel. O No Mínimo, por exemplo, reunia em textos quilométricos o melhor das cabeças pensantes do jornalismo carioca. A forma apresentada dos textos era estática, sem qualquer interatividade com o usuário. A promessa à época era que os lucros na rede seriam proporcionais às possibilidades que se abriam. O que se viu é que a bolha explodiu, e a vivência mostra que uso da Internet exige mais interatividade.

Em 2004, Tim O'Reilly, presidente e fundador da O'Reilly Media, quis entender como algumas empresas saíram ilesas do estouro das Ponto.com, analisando a trajetória do Google e Amazon.com, entre outras, e cunhou a definição da Web 2.0: "É a revolução nos negócios da indústria da informática causada pela mudança para internet como plataforma, e uma tentativa de entender as regras de sucesso dessa nova plataforma".

Estudiosos do assunto discordam com essas nomenclaturas de Web 1.0 e Web 2.0 e há até discussões sobre quem teria inventado os termos. Mas isso não muda o dia a dia do internauta, consumidor de informação e dessa nova geração que cada vez mais faz a diferença: são os usuários produtores de conteúdo incessante, seja em blogs, comunidades de blogs, no Flickr ou contribuindo para o agigantamento da Wikipedia (que joga uma pá de cal sobre a bíblia das enciclopédias, a Britannica Online, de forma assustadora) e o YouTube. Usuários que usam e se orientam pelo Twitter, com a mesma naturalidade de quem há 10 anos apenas ligava para um amigo para marcar um encontro.

Troca de dados: a marca da nova geração da rede

Me lembro também do aparecimento dos sites de relacionamento como o Orkut, que logo mudou hábitos e virou fenômeno. Em fevereiro de 2006, a redação parou novamente. Foi como um vírus, passando de mesa em mesa, computador em computador, sem ninguém conseguir resistir. Uma competição infantil tomou conta de gente grande: 'Eu tenho 13 amigos", disse uma editora. 'Bobagem, eu já tenho 57 amigos". O bom senso sumiu e todo mundo começou a bisbilhotar a vida alheia através do programa. Parentes distantes se reencontraram. Amigos de infância perdidos pelo tempo conseguiram se achar e ainda podiam brincar ao ver a perda de fios do colega ou a barriguinha saliente que cresceu através das fotos no programa.

Mas logo começaram a surgir as primeiras histórias de como a falta de bom senso poderia transformar o uso do Orkut. Ciúmes entre namorados provocados pela bisbilhotagem neurótica, perfis falsos para introduzir comentários nas páginas dos desafetos e o cyberbulling que tanto atormenta adolescentes hoje em dia. O uso do Orkut em ambientes profissionais, obviamente, foi reduzido, em alguns casos até proibido. Mas para o jornalista o surgimento desse tipo de programa - atualmente o Facebook também faz esse papel - abriu novos horizontes: virou fonte de informação constante nas matérias.

Futuro da informação:

O desenvolvimento da Web 2.0 pode ser sentido no momento em que extrapola as próprias paredes virtuais da rede. Atualmente, quase todo programa de televisão que se preze tem algum tipo de interação com a Internet. O 'Domingão do Faustão', da TV Globo, tem um quadro de bandas de garagem, em que exibe, em horário nobre da emissora, vídeos e gravações de anônimos da internet que acreditam que possam virar grandes artistas no universo da música. O 'Fantástico', em horário igualmente bem posicionado dentro da emissora, também apresenta as perguntas dos espectadores feitas através de webcams.

Ou seja, a emissora líder nacional já se rendeu ao poder da rede, deixando para trás o que seria inconcebível há poucos anos: o tal dito padrão de qualidade da emissora. Em nome da modernização e a real interação com o público que está cada vez mais pulverizado pelas diversas possibilidades de lazer e fontes de informação.

A bolha da Web 2.0 também vai estourar? Os negócios vão conseguir se estabelecer e empresas visionárias como o Google ( não se pode esquecer que o por 5 anos o dinheiro não entrou no bolso de ninguém) vão se multiplicar? A maior tarefa atual das empresas jornalísticas (falo isso porque sou subeditora de um caderno de cultura no Rio) é justamente conseguir oferecer produtos online que consigam ser integrados ao papel do jornal de papel. Tem gente que já decreta o fim do jornal de papel. Prefiro acreditar numa adequação de formatos e conteúdos. Os livros não acabaram, por exemplo. Mas o físico inglês Tim Berners-Lee já fala na Web 3.0: em que existirá um sistema em que o computador vai entendar o que o usuário quer e fará a busca por ele.